terça-feira, 29 de junho de 2010

MÚSICA

VAMOS FUGIR

Vamos fugir
Pra Jacarepaguá, baby
Vamos fugir
Tô cansado de esperar
Que cheguem as férias.

Vamos fugir
Pra Jacarepaguá, baby
Vamos fugir
Vamos logo escapar
Prum lugar que liberte.

Pois diga que irá
Jacarepaguá, Jacarepaguá
Enquanto só chove no Rio
Em Jacaré faz sol
Lá faz sol, lá faz sol

Tem suco de maracujá
E Brigadeiro H
Na colher, na colher.

É longe pra caramba sim
Não é na Zona Sul
Céu azul, céu azul.
Onde haja muito riso
E buddypoke de Itu...uuu...

Vamos fugir
Pra Jacarepaguá, baby
Vamos fugir
Pra onde haja um sofá
Onde a gente sossegue
Não aguento estudar
Todas essas matérias
Tô cansado de esperar
Que cheguem as férias.

Tô cansado de esperar
Que cheguem as férias
Se for pra Jacarepaguá
Por favor me carregue
Pra onde haja um sofá
Onde a gente sossegue
Comidinha de mamãe
Deixa a gente alegre
Auto-mimo de manhã
Nada de coisas sérias
Tô cansado de esperar
Que cheguem as férias.

domingo, 20 de junho de 2010

VIDA

COPA EM JACAREPAGUÁ

Em pleno dia de jogo do Brasil, resolvemos fazer um retiro espiritual em Jacarepaguá, longe de multidões e de vuvuzelas. Mas perto de ex-bodes, cavalos que colocam a cabeça para fora da moita e de cães que latem na lua sangrenta. Lian e Luís chegaram na noite anterior, mas Marina, que não trouxera as coisas da lente e que queria dar voltinhas, apareceu só na manhã de hoje, aliviada por sair da cidade: "Jacarepaguá liberta!"

Aproveitando o dia ensolarado, descemos para a piscina. Lian, que já era atração da criançada da piscina jacarepaguaia, ainda desceu vestida com a sunga alaranjada de Luís Renato e acabou descobrindo o prazer de usar roupas de menino. Depois fomos ao hortifruti comprar verduras para a saladinha e encontramos detergentes psicodélicos. Na volta, quando esperávamos o elevador, apareceu um garotinho pedindo que avisássemos quando ele chegasse ao primeiro andar. Fizemos uma contagem regressiva ao contrário (ah não, ao contrário não, pois já é regressiva) em chinês e em japonês, atendendo a pedidos. Quando o elevador finalmente chegou, avisamos ao garoto e ele simplesmente foi embora. Só percebemos horas depois.

Fomos para casa preparar o almoço e, quando chegamos na cozinha e o Luís Renato estava lavando rodelas de tomate, achamos que a comida seria um desastre. Não foi. A revelação do dia foi esta: Luís cozinha super bem! Ele fez arroz de verdade, que não estava nem um pouco pronto antes, feijão congelado delicioso, salada, hamburguer e calabresa, além de um super suco de maracujá que nos manteve calmos ao longo do dia. Quando Lian disse que estava empanturrada, Luís retrucou: "Claro, você comeu um pé de alface inteiro!"

Antes do jogo, fizemos nossa bolinha, que ninguém ganhou. Marina descobriu que Luís Fabiano é o homem da Copa e o cabelo Dorothy é o cabelo da Copa. Após o jogo, o médico da seleção, em vez de falar do joelho do jogador, ficou dando entrevista dizendo que o jogo fora legal. E ainda por cima ofegava como se tivesse jogado na Copa. Fizemos caça ao mosquito e Luís Renato não achava o spray com que já tinha matado alguém ontem.

Por fim, fomos ao rozídio de massas e vimos balão no céu ("Ê, raiva!"). Voltamos pra casa rolando, afinal, comemos um pé de alface inteiro. Pra finalizar, Luís foi o grande vencedor da caça ao mosquito.

domingo, 13 de junho de 2010

ANÚNCIO


PROCURA-SE


Procura-se velha senhora que tenha perdido um grande amor há muitos anos na Europa e que esteja disposta a procurá-lo. É necessário que seja uma senhora doce e bondosa, disposta a percorrer de carro estradas com paisagens deslumbrantes e cidadezinhas simpáticas. De preferência, que tenha um neto-motorista bonito por fora e fofo por dentro. Não é necessário que seja fofo por fora. Ou melhor, preferencialmente antipático por fora, de modo que só a longo prazo se descubra a fofura interior. Recompensa-se com uma ótima companhia.

CONTO

OSCAR, O HOMEM TRICOLOR

(por Lian Tai, Luís Renato Oliveira e Marina Mota)

Não, ele não torcia pro Fluminense. Nem pro São Paulo. Após passar por seis reinos, cinco tathagatas, vinte deidades e dois mafagafos, ele chegou ao quarto bardo, no dia 13 de agosto de 1965, medindo quase três quilômetros. Quando ele abriu os olhos, sua mãe percebeu: um olho era verde e o outro azul, como os de seu vizinho, que havia morrido havia 15 anos, e que brincava com ela em sua infância no Jardim das Cerejeiras.

Enquanto a mãe de Oscarzinho lavava roupa, largava ele deitado de lado no sol. Quando o braço do garoto já estava tostadinho, combinando com o olho verde, ela o levava para casa. Por isso, ele foi apelidado na escola de "Menino Tricolor", pela menina com as pontas dos dedos azuis, que caíam, e que era cheia de ideias. Ela não tinha percebido que na verdade ele já tinha quatro cores. Oscarzinho, entretanto, gostou do novo apelido, tanto que passou a comer, de sobremesa, a trimousse de maracujá, chocolate e limão, mas só às sextas-feiras.

Um dia, sua amiguinha chamou-o de retardado, o que foi, para ele, um estupro na alma. Irado, começou a rasgar as roupas e a correr para todos os lados, até escorregar e cair em uma banana. Por causa disso ele ficou com raiva da Pollyana, que tinha trauma de ratos porque foi esquecida na estrada.

Oscar, então, procurou um médico, que fora preto, mas se tornara branco, quando concluiu a faculdade de Medicina. Então ele também decidiu virar médico, para ser tricolor de verdade, desistindo da carreira de cantor, pois só sabia a música do limão.

Após se tornar branco, ele foi convidado para filmar no Manguezal de Sepetiba, mas não conseguia se dedicar ao filme, pois estava apaixonado e passava a noite inteira fazendo coisinhas.

(continua...)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

NOTÍCIA

PARTITURA ORIGINAL DO HINO RECÉM-ENCONTRADA

(por Luís Renato Oliveira)

Depois de quase 100 anos o Teatro Municipal foi fechado para reforma. Estava sujo, quebrado e precisava de um upgrade. Na fase final de sua reforma aconteceu o inesperado: a partitura original do nosso hino foi encontrada! Mas vocês devem estar se perguntando: partitura original do Hino? Isso mesmo. A grande maioria da população e eu, diga-se de passagem, desconhecia essa informação.

Atrás da fachada principal, perto de um enfeite escurecido pela longa Era Paleozóica e pela poluição do sec.XVI, ela foi encontrada. A partitura, com notas quase apagadas. Agora transcrita para o papel e tocada no piano, a música voltou do passado.

Os maestros reconheceram o início do Hino Nacional, mas não na versão que estamos acostumados a cantar e sim na original. “A versão original ela é na tonalidade de si bemol maior, que é uma tonalidade muito mais aguda da versão que a gente usa atualmente, que é na tonalidade de fá maior e com isso muitas pessoas não davam o MI, nota obrigatória na primeira versão”, diz o maestro Dodes Ka’den.

A melodia sofreu uma adaptação quando ganhou a letra. É a versão que cantamos até hoje. A mudança que deixou o Hino mais fácil de ser cantado aconteceu em 1909 - ano de inauguração do Municipal. (Lembrando que a partitura original já estava lá!)

No dia 27 de maio deste ano as histórias do hino e do teatro voltaram a se encontrar. A festa de reabertura, após a reforma, foi como há quase cento e um anos, na inauguração: repleta de maestros, celebridades e paleontólogos.

E o público, encantado com tanto luxo e beleza, terá dois hinos: um para ouvir e outro pra ver no Museu Antropológico.

sábado, 5 de junho de 2010

DEBATE


VOCÊ ACREDITA EM LAGARTIXAS?

EU NÃO ACREDITO EM LAGARTIXAS
(Lian Tai)

Quando criança, as lagartixas me provocavam asco. Eu ficava verdadeiramente enojada, ao vê-las pegajosas na parede. Nunca me esqueço de uma, em especial, na casa da minha avó, em São Paulo. Era de um branco transparente, que me deu não apenas nojo, mas uma profunda angústia. Era um modo muito cru de ver o mundo, deparar-me, assim, com uma lagartixa e suas entranhas.

À medida que fui crescendo, o medo de lagartixas foi passando. Encontrei outro inimigo: os pernilongos. Estes, sim, odiáveis até hoje. Pequenas criaturas com um zumbido irritante, que até poderia passar despercebido, não fosse o prenúncio de ameaça iminente. Além de fazer questão de voar bem rente ao ouvido, como se quisessem entrar, ainda por cima picam impiedosamente. Um só pernilongo é capaz de realizar uma tortura das mais cruéis, deixando-nos marcas vermelhas, que coçamos até que se transformem em ferida.

O ódio aos pernilongos foi capaz de fazer nascer em mim uma profunda simpatia pelas lagartixas, pois diz o senso comum que estas comem aqueles insetinhos irritantes. Passei, pois, a sorrir-lhes, quando as via na parede ou pelo teto. Eram minhas cúmplices na luta aos pernilongos.

Porém devo dizer que o apreço que adquiri pelos bichinhos pegajosos parte de um aspecto puramente simbólico, pois, se me perguntarem se acredito que as lagartixas realmente comem pernilongos, digo que não. Pois bem, sempre que as vejo, elas estão paradas, em um repouso relaxante. Para começar, elas estão naturalmente em estado de descanso, tanto que ela SÃO deitadas. Lagartixas não se deitam, sentam ou levantam. Elas estão perenemente na posição de sono repousante.

Já os pernilongos são insetos pentelhos, ágeis, barulhentos. Tenho certeza de que são hiper-ativos. Voam de um lado para outro do cômodo em frações de segundos, sem que possamos alcançá-los. Pernilongos fogem à nossa vista, quando olhamos eles já não estão lá, ao contrário das lagartixas, que nos dão a impressão de que o tempo parou, já que permanecem imóveis no mesmo espaço.

Quando as lagartixas resolvem andar, elas até conseguem velocidade significativa, mas é um evento raro. Tanto que, não fosse por elas normalmente ficarem em lugares altos, como paredes e tetos, a maior causa de mortes seria por pisoteamento. Quantas lagartixas morrem simplesmente porque não saem do caminho quando as pessoas passam distraídas? Elas continuam estiradas preguiçosamente.

Ao comparar o comportamento das lagartixas com o dos pernilongos, fica óbvio que elas não os comem. É a conclusão natural, quando consideramos que nossas amigas pegajosas são extremamente lerdas e não teriam capacidade para perseguir um inseto tão ágil. Se elas tivessem teias, como as aranhas, aí, sim, poderiam capturar uns mosquitinhos que passassem. Mas não, as lagartixas são sonsas, paradas, deitadas e não possuem teias ou outros artifícios, portanto a idéia de que elas comem nossos inimigos pernilongos é apenas um mito e não corresponde ao mundo dos fatos.

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EU ACREDITO EM LAGARTIXAS
(Marina Mota)

Nasci numa cidade no interior de Minas e sempre morei na mesma casa, onde meus pais ainda moram. Lá, desde que me entendo por gente, convivo amigavelmente com criaturinhas, muitas vezes consideradas nojentas, denominadas lagartixas. Elas nunca me causaram incômodo ou asco, nada do gênero, sempre foram simples presenças, ali, principalmente no alpendre de casa. Eu e meus irmãos nos divertíamos tentando arrancar os rabos delas, depois que minha avó nos contou que eles se reconstituíam. E conseguimos algumas vezes, depois ficávamos dias procurando nossa vítima para ver o que acontecia. Algumas vezes presenciamos a evolução de novos rabos, mas não sei dizer se eram das mesmas lagartixas que havíamos amputado.

Acredito que as lagartixas despertaram em mim um tipo de curiosidade científica. Eu também achava o máximo ficar olhando-as através do vidro, contra a luz, pois assim quase dava para ver cada um de seus órgãos internos. Aprendi muito sobre as lagartixas observando-as cuidadosamente.

Dia desses, conversando com uma amiga, ela questionou as lagartixas e me senti no direito de defendê-las. Minha amiga acha que as lagartixas são bobas demais diante de um inseto, e não acredita que elas sejam capazes de se alimentar deles.

Na realidade, devido à convivência, posso explicar algumas coisas óbvias, que esta minha tola amiga não compreende. Primeiro fato: As lagartixas são tão espertas, mas tão espertas, que fingem de bobas para viver. Lagartixas seriam ótimas atrizes se não fossem meros répteis. Elas sabem da habilidade de um mosquito, de um pernilongo, sabem da velocidade que eles possuem, então ficam ali, paradonas, aparentando quase um sono profundo, se não fosse pelos enormes olhos abertos; e quando menos se espera – nhac – coloca toda a flexibilidade de sua língua extensível a seu favor e lá se foi o pernilongo, menos um no mundo para nos atormentar.

É claro que para isto elas também usam de outro artifício. Fato número dois: Elas se organizam na hora das refeições o mais próximo possível de onde os insetos preferem ficar. É óbvio que elas são de fato um bocado mais lentas do que eles, mas no alpendre da minha casa, por exemplo, elas ficam paradas perto das duas luzes que temos lá. Eu já presenciei várias vezes uma convenção de insetos rodeando as luzes, como de costume, e outra de lagartixas ao redor, preparando o bote.

O engraçado é que acabo de me lembrar de um episódio curioso a que assisti. Um dia eu estava em casa e me deparei com uma barata das grandes (também não sou dessas que tem medo de baratas, vou ao encontro delas, piso e pronto, fim da história). Mas estas sim são bichinhos espertos, quantas vezes já corri desesperadamente com um chinelo na mão, ou no pé mesmo, atrás delas. Foi assim nesse dia, mas dessa vez a barata ganhou a corrida e saiu com vida. Horas depois, saindo de casa, vi uma lagartixa com metade da barata dentro da boca e a outra metade de fora. Via-se o esforço dela para terminar esta refeição, mas só mais alguns segundos e – pluft – barata no estômago quase visível da minha amiga lagartixa! Saí satisfeita. Não sei se era a mesma barata com quem travei uma luta mais cedo, porque minha casa também é morada de grandes baratas, mas isto é história para outro dia. Mas é por isto e por tantas outras que eu defendo as lagartixas e digo à minha amiga: Sim! Eu acredito que lagartixas se alimentam de pequenos e grandes insetos aparentemente mais espertos que elas. E eu já vi. Se quiser ver, um dia eu te mostro meu centro de pesquisas.